Água e ecologia profunda

O Sítio Nós na Teia é uma estação de Permacultura em Brasília, localizada em uma região rural, próxima ao Jardim Botânico. Buscamos implementar um design de sustentabilidade, conforme estudamos na permacultura. Ou seja, integramos construções ecológicas, recuperação do solo, manejo ecológico da água, energia alternativa etc, para vivermos de forma mais sustentável e cuidadosa com o meio-ambiente. E por termos um ideal de nos tornarmos uma Aldeia de permacultura, também nos dedicamos a aspectos de vida em comunidade, governança, educação, saúde e ecologia profunda. Enfim, são muitas as áreas de interesse e pouco tempo e recursos para fazer tudo. Mas, na medida do que damos conta, vamos avançando paulatinamente.

Há algumas áreas que temos maior vocação (ou necessidade) e nos dedicamos mais intensamente. Nesse sentido destacamos nossa atuação no MANEJO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA.

Captação de água em cisterna e açudes na frente do Sítio.

No terreno do Sítio não temos acesso a nenhuma fonte convencional de água, não há rede pública de água, nem poço artesiano, nem fontes naturais como nascentes, rios, lagos etc. Assim, desde o início da ocupação Sérgio Pamplona, arquiteto e permacultor, focou na água da chuva como possibilidade para o abastecimento. Ao longo dos anos ele construiu um sistema integrado de captação de água da chuva dos telhados e construção de um conjunto de cisternas de ferrocimento para o armazenamento e distribuição da água coletada. Atualmente conseguimos armazenar água suficiente para abastecer os moradores (o número varia entre 5 e 9 pessoas), eventos educativos que ocorrem no Sítio e ainda um pouco para as plantas.

Talvez você tenha ficado curioso(a) sobre quantos litros armazenamos. Essa costuma ser a pergunta mais frequente de curiosos pois buscam saber quantos litros precisariam armazenar para também se tornarem auto-suficientes. Contudo, esse “número mágico” depende do consumo pessoal e remete a outra questão: quantos litros de água você consome por dia? Quanto poderia economizar alterando alguns hábitos?

A autonomia hídrica está diretamente relacionada ao consumo consciente. Assim, utilizamos uma série de estratégias para garantir máxima economia desse recurso tão precioso. Fazemos uso de sanitário compostável (que não utiliza água para descarga), reuso de águas cinza para irrigação dos jardins entre outras práticas. Apesar de considerarmos práticas triviais na permacultura, elas chamam a atenção das mídias por serem pouco convencionais para a população em geral e é comum entrevistas e reportagens sobre esse tema, aqui no Sítio. Na postagem Água: práticas ecológicas no Sítio Nós na Teia citamos algumas das principais reportagens.

Nessa trajetória de cuidado com a Água buscamos promover reflexões e mudanças acerca dos problemas urbanos mais comuns como esgoto, conforme tratamos na postagem Uma história de merda e drenagem de águas pluviais, que problematizamos na crítica A cachoeira que não deveria estar lá. Nessas em em outras postagens apontamos algumas soluções possíveis e abordagens alternativas para um manejo mais sustentável da água. Também promovemos capacitações específicas sobre o tema, como no curso Rehidratando a paisagem urbana com água de chuva.

A imagem ao lado mostra um sistema de raízes para tratamento e reuso de águas cinza (dos chuveiros e pia) que implementamos para um dos espaços de moradia do Sítio. A observação das espécies de plantas aquáticas e anfíbios nesse sistema, assim como nos açudes intermitentes que criamos por aqui, nos levaram a estudos e reflexões também no campo da ecologia profunda. A observação de padrões da natureza e qualidades sutis da água nos trouxe muitos questionamentos: Como a água se move em ambientes naturais? Porque ela costuma seguir ritmos específicos? Quais as qualidades que esses movimentos rítmicos do seu fluxo trazem para a água? Qual a diferença em seus movimentos quando está poluída? Como ela se revitaliza?

Qualidades mais sutis e pouco conhecidas da água são tema de pesquisa de Paul Van Dijk, artista holandês, que estudou com John Wilkes, criador da tecnologia de Flowforms, no Reino Unido. Seu trabalho sensível de observação de padrões naturais da água e a implementação da tecnologia de Flowforms têm nos despertado especial interesse.

Assim, estamos empolgados e orgulhosos por fazermos parte da promoção de seu curso Água – mediador dinâmico entre polaridades. Consideramos a vinda de Paul Van Dijk ao Brasil uma abertura de campo de estudos para observar padrões naturais da água e utilizá-los para sua revitalização.

Se esse tema também desperta seu interesse, aproveite essa oportunidade excepcional de realizar um curso com o Paul em Brasília e ampliar sua percepção sobre esse elemento tão incrível e ainda misterioso, que é a água.