Foi com muito entusiasmo que iniciamos o Curso de Design em Permacultura no último final de semana de julho, na Chácara Toca da Coruja, Lago Oeste, Brasília.
Foram três dias intensos de estudos, práticas, comidinhas gostosas e muita alegria. A turma chegou para acampar na sexta final de tarde sob a luz do eclipse. Um momento especial e único, como esse lindo grupo!
A noite tivemos a abertura do curso com a equipe de facilitadores Andrea Zimmermann, Fábio França, Mônica Carapeços A. e Sérgio Pamplona em uma aula sobre História, Ética e Princípios da Permacultura.
Na manhã do dia 28/07 os estudos iniciaram em um contato mais próximo com a natureza do local, sentados em meio a uma agrofloresta, para observar o meio e dialogar sobre princípios dos sistemas naturais. Esses princípios ecológicos trazem as bases para a compreensão da teia da vida em suas relações complexas, processos de sucessão e manutenção da vida. Precisamos resgatar esse olhar atento aos padrões e processos naturais, pois a Permacultura não é uma especialidade, e sim um olhar de ampla abrangência que (re)cria, co-cria, junto à natureza, tudo o que possa ser bom para o homem, como indivíduo; para a sociedade, como coletivo; e para o meio ambiente, o coletivo dos coletivos.
Muitas pessoas percebem a Permacultura a partir de um recorte específico e a confundem com técnicas como construção natural, ou agrofloresta. Mas a Permacultura vai muito além de técnicas, sua essência esta na ética do cuidado e na metodologia de Design de habitações autônomas e sustentáveis. Conforme apresentou Bill Mollison, criador da Permacultura:
“O Design é um sistema que unifica componentes (…) em um padrão que funciona para beneficiar a vida, em todas as formas. É feito para prover a sustentabilidade e um
lugar seguro para a vida, em todo o planeta”
Assim, um permacultor é um observador atento que cultiva o pensamento holístico para perceber padrões, trabalhar a favor da natureza e potencializar fluxos benéficos de energia que maximizem sua eficiência.
Neste primeiro módulo partimos dessa sensibilização e fazemos exercícios para que os estudantes possam desenvolver habilidades para analisar elementos que compõem um espaço produtivo, compreender como esses elementos se conectam e ocorrem os fluxos de água, energia e nutrientes em um espaço produtivo.
A Chácara Toca da Coruja é um laboratório vivo, onde o casal de permacultores Andrea e Fábio, colocam em prática a Permacultura desde 2002. Assim, no início da tarde os estudantes fizeram uma visita guiada e puderam analisar o planejamento ecológico que transformou o que era um campo degradado de capim brachiária em um espaço altamente produtivo com plantio agroecológico e orgânico de hortaliças, grãos e flores e frutos; agrofloresta; captação de água da chuva; piscicultura em tanques de ferrocimento com água da chuva; produção de energia renovável; galinheiro; compostagem; desenvolvimento de tecnologias apropriadas, ecosaneamento e outros.
Os estudos da tarde avançaram ainda para um aprofundamento teórico contextualizando o tema ecologia cultivada com uma problematização da agricultura convencional e apresentação de uma evolução histórica de práticas de agricultura sustentáveis/ecológicas. O grupo também pode compreender como se estrutura o solo e aspectos essenciais para um manejo adequado desse recurso que é o suporte para a vida.
No domingo, a manhã foi dedicada para colocarmos a mão na massa para os estudantes aprenderem na prática diferentes estratégias de compostagem, biofertilizantes e plantios.
A turma teve uma aula de Aquaponia sentamos próximo a um açude que integra a criação de peixes e cultivo de plantas e se surpreendeu com as múltiplas funções desse elemento e com o fato de que sistemas aquáticos têm um potencial produtivo bastante superior aos terrestres.
Tudo isso foi apenas o primeiro módulo do curso! A jornada terá mais três módulos de estudos, sendo que o próximo será dia 10/08 com imersão aqui no Sítio Nós na Teia. E para que o grupo se mantenha conectado e possa aprofundar estudos até lá terão um exercício para realizar em casa, que carinhosamente denomiram “prazer de casa” poderão contar com uma Sala Virtual com ferramentas para comunicação entre a turma e recheada de materiais complementares de estudo (textos, vídeos, links na Internet).