Imersão na Teia: energia, dragon e sociocracia
O final de semana dos dias 9 e 10 de dezembro abrigou o oitavo e penúltimo módulo do curso/vivência ‘’Imersão na Teia’’. Recebemos todo grupo para refletir sobre questões relacionadas à energia que consumimos, inserida em cada produto que comemos, vestimos ou usamos. Tudo traz consigo um valor energético correspondente à soma do que se gastou em energia para sua produção, transporte e manutenção. Esse valor pode ser estimado e assume grandezas assustadoras quando analisamos materiais como o cimento ou o alumínio.
O encontro teve início no sábado, quando demos continuidade à construção do sonho de reformular a área da varanda da casa comunitária. O sonho foi proposto e desenvolvido a partir do método Dragon Dreaming, de planejamento e execução de projetos. Para o Dragon, qualquer projeto pode ser dividido em quatro momentos: sonhar, planejar, realizar e celebrar. Os projetos que se perdem no meio do caminho muitas vezes esquecem da fase do sonhar e dos momentos de celebração, tão necessários para todo o processo.
Na manhã de sábado, realizamos mais uma etapa do Dragon. Dessa vez, nos debruçamos sobre o Kara-birrdt e começamos a pensar em todas as tarefas que deverão ser realizadas para que a reforma do banquinho de cob, em frente à casa, se complete. Tais tarefas foram divididas entre as fases do Dragon e conectadas umas com as outras, criando um fio lógico que as separou e agrupou quando carregavam um objetivo comum. As tarefas foram, também, classificadas entre as que se referem apenas a ações internas e aquelas que levam o grupo para o mundo.
À tarde, aprofundamos nosso conhecimento sobre as ideias da Sociocracia – uma maneira de organizar a governança de qualquer conjunto de pessoas, de forma a equalizar as relações de poder, colocando-se a responsabilidade, a cada decisão, em todos os indivíduos do conjunto, sempre mantendo-se a base do diálogo na razão.
No começo da noite, aquecidos por uma fogueira celebrativa, nos reunimos na varanda da casa principal para um exemplo de como a rodada de avaliações da Sociocracia acontece. Nela, cada um dos participantes estabelece para si pontos fortes e pontos de possíveis melhorias. Pensando no papel de eco-morador, parcial ou total, realizamos, com todos os presentes, a etapa de apreciações, onde os pontos fortes de um indivíduo, no contexto do projeto que desenvolve junto ao coletivo, são ressaltados por todo o resto da comunidade.
No domingo, nos voltamos para a questão da energia no mundo e como a Permacultura pensa possíveis soluções para o excesso de consumo que, há muito tempo, exaure os recursos de nosso planeta. Cada objeto traz consigo uma carga de energia gasta para sua produção. Considerando que as fontes de energia que alimentam o mundo de hoje, em sua maioria fósseis, são finitas e demandam um enorme custo ambiental e social para serem geradas, a Permacultura postula que devemos diminuir drasticamente os níveis de consumo em escala global. Podemos dar preferência a produtos locais, menos industrializados, com menor custo energético de produção e transporte. Ou, ainda, utilizar tecnologia “open source“, que não cobra por patentes e pode ser construída de forma mais autônoma, a partir de guias na internet. Dessa forma, garantimos a boa procedência dos itens que consumimos e seu baixo impacto ambiental.
Ainda no domingo, depois do almoço, instalamos a placa fotovoltaica e bomba solar na caixa d’água em frente à varanda. Sérgio planejou o sistema de forma a ter a energia solar como opção principal para uso sustentável de energia, mas continuar com bomba reserva ligada à rede convencional de energia como backup.
Reunidos novamente no espaço Ocalango, celebramos o último encontro do ano que se encerra, assistindo a uma breve apresentação em vídeo com todos os registros visuais realizados durante a Imersão. Em seguida, conversamos sobre o que sentimos no último semestre, nos preparando para o fim desse ciclo intenso e cheio de aprendizados, que chegará no próximo encontro da vivência, entre os dias 18 e 20 de janeiro. Por fim, fizemos juntos o plantio de um Açaí.