Texto e imagens de Bernardo Oliveira
O grupo de entusiastas da permacultura que, desde agosto, frequenta o Sítio Nós na Teia, se encontrou mais uma vez, no último final de semana, para o terceiro módulo da Imersão na Teia. Nos dias 22 e 23 de setembro, fomos convidados a conhecer o design permacultural do sítio e, a partir dele, entender a sabedoria proposta pelos estudos da Permacultura para um melhor convívio com o meio no qual habitamos.
A sexta-feira, 22 de setembro, começou com uma oficina lúdica de artesanato com rolinhos de papel higiênico. Haila Beatriz Oliveira, facilitadora da atividade, conta que desenvolveu a técnica nos intervalos de tempo que tinha ao cuidar de seu filho. Depois de uma brincadeira de Acroyoga, colamos os rolinhos um no outro até que formassem uma bela mandala.
Em seguida, passamos a uma dinâmica e aula expositiva com o bioarquiteto Sérgio Pamplona sobre a disposição das áreas do Sítio, dentro da lógica do design permacultural. Para a Permacultura, é muito importante que os espaços sejam ocupados pensando-se na melhor utilização da energia disponível, facilitando-se o trato nos ambientes que mais precisam de manejo e, consequentemente, mais contribuem com a sobrevivência dos habitantes locais.
Áreas de uso frequente, diário, como a horta, a composteira e o banheiro seco, por exemplo, ficam melhor posicionadas no que conhecemos como Zona 1 – entorno imediato ao local de moradia (Zona 0). Obedecendo essa lógica, podemos dividir um espaço habitado em zonas de manejo cada vez menos frequente, até a Zona 5 – área de quase nenhuma interferência humana, pensada para a preservação ambiental.
Na manhã do sábado, 23, fizemos uma visita às diferentes zonas do sítio para ver, na prática, como cada uma delas se relaciona com as outras e com a presença humana no terreno. De cada uma, extraímos um pouco de solo. Voltando ao espaço Ocalango, analisamos os distintos tipos de terra que encontramos: do solo seco, pobre em elementos orgânicos (das zonas mais afastadas), ao mais vivo e rico, encontrado próximo às áreas de manejo mais frequente, cuidado a partir dos princípios da Agroecologia.
Uma das ideias principais dessa ciência, muito complementar à Permacultura, propõe a cobertura do solo com matéria orgânica do próprio local, o que ajuda na retenção de água e propicia o surgimento de nutrientes que possibilitam a presença de organismos extremamente úteis para acelerar ainda mais o desenvolvimento de plantas que também farão parte do ciclo.
À tarde, manejamos parte da horta do sítio, ainda sob a orientação da Agroecologia, retirando as plantas que lá estavam para servirem de alimento aos moradores da casa e à própria horta. Preparamos o solo do local com o húmus retirado da composteira e o cobrimos com a matéria orgânica disponível, para receber um novo sistema de plantio. Depois, separamos um tempo para projetar tal sistema, dentro da lógica agroflorestal, onde plantas alimentícias de crescimento mais rápido são colocadas em consórcio com plantas mais lentas. Desta forma, a horta se mantém produtiva durante mais tempo e permanece bem nutrida pela matéria orgânica de podas e das plantas colhidas.
Em um espaço relativamente pequeno, plantamos uma variedade de vegetais comestíveis que serão cuidados e consumidos pelos moradores do sítio. Depois das atividades, fechamos o módulo nos reunindo novamente para uma roda de impressões sobre o final de semana.