Texto e imagens de Bernardo Oliveira
Comunicamos que o Sítio Nós na Teia e a região em seu entorno sofreram com um grave incêndio nesta segunda-feira, 16 de outubro. Apesar de, graças aos esforços da comunidade do sítio e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, nosso terreno não ter sido diretamente afetado, o vale no qual ele se encontra foi devastado pelo fogo, que destruiu boa parte da vegetação e fauna locais.
O incêndio começou à tarde, após um problema na fiação elétrica em uma propriedade ao lado do sítio, que danificou o sistema e gerou faíscas. Devido ao fato de estarmos no auge da seca, toda a matéria orgânica acumulada no chão serviu como fonte de combustível para o fogo, que cresceu e se espalhou em uma velocidade assustadora.
Uma grota, de fluxo intermitente, que pela falta de vegetação se encontra completamente seca e, portanto, cheia de matéria orgânica, serviu como caminho para o incêndio se espalhar e dominar os morros em frente ao sítio. A comunidade e os visitantes que se encontravam por aqui trabalharam arduamente para controlar o fogo, que poderia facilmente ter nos atingido. A vegetação e flora levarão algum tempo para se recuperar do golpe, mas aproveitamos a ocasião para incentivar a todos os habitantes do cerrado que estejam alertas e preparados para ocasiões como essa, muito frequentes nesta época do ano.
Triste saber que quase todos os incêndios na época de seca são causados por ação humana, que nossa falta de cuidado com o Cerrado têm colocado esse bioma em uma situação cada vez mais frágil e ameaçada. Cada a cada um de nós colaborar para mudar esse cenário.
Alguns cuidados importantes podem fazer uma grande diferença em uma situação similar. No âmbito do design do terreno, é importante abaixar a quantidade de matéria orgânica seca em lugares estratégicos, mapear os locais da propriedade pelos quais possíveis incêndios poderiam entrar e construir aceros – caminhos roçados, com os níveis de matéria orgânica bem baixos, para impedir a passagem do fogo ou, até, fazê-lo morrer ao atingi-los.
É importante, também, ter água estocada, preferencialmente, em lugares altos, para que, no caso de uma queda de energia, não haja a necessidade de bombas elétricas para movimentá-la. Mangueiras, abafadores, bombas costais e roupas apropriadas disponíveis e de fácil acesso farão uma enorme diferença em uma situação emergencial. Se não houver a disponibilidade de vestimentas próprias, é necessário que se cubra a maior parte do corpo com calças e camisas de manga comprida feitas com tecidos como o algodão, evitando-se sempre a utilização de matérias sintéticos – facilmente inflamáveis.
Segundo os bombeiros que vieram em socorro aos moradores do vale, nesta época há registros de cerca de 70 ocorrências por dia – um número altíssimo, que vai além da capacidade de atendimento do corpo de bombeiros. É imprescindível que cada comunidade tenha estratégias traçadas para evitar o fogo, criando brigadas comunitárias de incêndio equipadas, capacitadas e bem articuladas para uma emergência. Não é difícil solicitar aos bombeiros que façam essa capacitação, na época de chuvas.
Para além desses cuidados, é fundamental que se acione sempre o corpo de bombeiros. Na maioria dos casos, qualquer incêndio tem características mais simples logo ao começar, e, geralmente, pode ser evitado se a comunidade agir rapidamente.
Nossa que perigo, espero que ninguem tenha ficado ferido
Temos já estratégias de combate e medidas de segurança. O problema é a queima do cerrado mesmo.